O movimento realiza protestos sobre violência contra a mulher e contra a ideia de que as mulheres provocam tal violência comportando-se ou vestindo-se como "vadias".
A marcha surgiu em Toronto, Canadá, e tem sua origem em janeiro de 2011 quando ocorreram muitos casos de abuso sexual na Universidade de Toronto e o policial Michael Sanguinetti fez a observação para que as mulheres "evitassem se vestir como vadias para não serem vítimas". Assim surgiu o primeiro protestos que levou 3 mil pessoas às ruas de Toronto.
Desde então, a Marcha das Vadias difundiu-se pelo mundo, inclusive no Brasil. O primeiro movimento no país surgiu em São Paulo, mas não teve tanta adesão como em outros países, no entanto, o número de pessoas engajadas nessa luta não deixa de crescer a cada ano.
Entenda a dimensão do problema tratado:
Segundo pesquisas, a cada dois minutos, cinco mulheres são agredidas violentamente no Brasil. Mais desses dados indicam que 7 milhões e 200 mil mulheres com mais de 15 anos já sofreram agressões. Quanto aos homens, 8% admitem já ter agredido fisicamente uma mulher, 48% dizem ter um amigo ou conhecido que fizeram o mesmo e 25% tem parentes que agridem as companheiras.
A pesquisa também indicou que os homens que agridem, repetem com frequência a agressão, o que demonstraria um padrão de comportamento e não uma exceção.
Portanto, diante desses dados assustadores, é importante saber que o movimento aqui tratado não reúne mulheres para "mostrarem seus corpos" ou "chamarem atenção" - diferente disso, a marcha é um movimento feminista engajado, que tem como um de seus lemas
"Nem santa, nem vadia: Mulher" e que se baseia na ideia de que as roupas que usamos não podem ser a causa da violência que sofrem ou como desculpas para serem tratadas como "objetos atrativos" e outras "ofensas" que limitam o gênero feminino, além de estimular a violência contra as mulheres. É importante ressaltar que a marcha também protesta contra o Estatuto do Nascituro e pedem pela legalização do aborto.
O feminismo, a Marcha das Vadias e a opinião da Igreja Católica:
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Mulher carrega cartaz escrito "Tirem seus rosários dos meus ovários" |
Em julho deste ano, cerca de 1,5 manifestantes participaram da Marcha das Vadias no Rio de Janeiro e muitos desses aproveitaram também para criticar a Igreja Católica.
Representantes de organizações distribuíram uma carta aberta ao Papa Francisco pedindo por mudanças na estrutura da Igreja, como a bênção à união de casais do mesmo sexo e o fim da condenação ao aborto.
Nesse mesmo protesto, alguns fizeram uso da cruz para se manifestarem e até chegaram a quebrar imagens de santos, deixando milhões de pessoas indignadas com o ato. Entretanto, os organizadores do movimento não estão relacionados ao fato.
Num estado laico, porém com predominância da religião católica é certo de que foi um afronto ofender a religiosidade e princípios de outrem, porém não pode-se pender para um único lado da situação. O motivo da marcha estar em um espaço religioso trata-se também de uma ofensa ao seus princípios e a então defesa destes. O movimento luta contra o machismo, a sociedade patriarcal, submissão da mulher à família e outros dilemas que a Igreja defende fielmente.
Ao meu ver, nessa manifestação, ambos os princípios estavam sendo atacados numa "falta de respeito" mútua. O das mulheres que se dizem defender a igualdade de direitos entre os sexos e a Igreja que se diz defender os pontos já citados acima. Portanto, não é de todo condenável a ofensa contra o opressor, mas é condenável, sim, a falta de concordância entre direitos iguais na sociedade e a religião predominante nesta.
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A imagem faz uma irônica "troca de papeis" entre o comportamento padrão para as mulheres e de como se encaixariam nos homens. |
A marcha apoia as mulheres numa luta que não é nova e nunca deixou de ser importante. Deve-se ter uma opinião, contra ou a favor, e posicionar-se sobre o assunto.
Por: Camila Iervese
Fontes: Globo.com/ www.dooda.com.br / gazetaonline.globo.com/ www.uol.com.br/ www.brasil.gov.com