Rachel Moreno, conhecida feminista e ativista pela regulamentação da mídia em nosso país, lança no próximo dia 18 de fevereiro o livro “A Imagem da Mulher na Mídia - Controle Social Comparado”, um desafio aos que chamam de censura a necessária regulamentação democrática dos meios de comunicação.
Poucos saberão melhor do que as mulheres o
que é ter suas opiniões interditadas, sua participação social proibida, sua
vida cerceada, sua existência invisibilizada, sua liberdade de expressão
limitada. Assim como em tempos passados, a mulher ainda é subjugada atualmente,
seja por fundamentalismos religiosos, ou por fundamentalismos econômicos que
colocam o mercado como motor da História. Sua publicidade, o “marketing”, o
“merchandising” (e tantos outros “conceitos” importados), seguem a construir a
cultura dominante e os valores necessários para que o dinheiro reine e o
mercado governe. E nessa cultura a mulher é mercantilizada por vários meios.
“É inegável a importância da mídia, enquanto
poderosa educadora informal”, escreveu Rachel Moreno no resumo do livro. “Sua
programação, conteúdo e publicidade alcançam um público maior ou menor,
dependendo do meio, chegando a 98% dos lares brasileiros, no caso da televisão.
As mulheres, por serem responsáveis por 85% das decisões de consumo, têm sido
seu objeto preferencial”. Psicóloga de formação e pesquisadora, com anos de
atuação em torno do tema Rachel conhece bem o discurso que nos mostra “o
caminho do sucesso”, como ela diz. “Ele é desde cedo introjetado, passando a
contribuir significativamente para a formação da nossa subjetividade, para o
que queremos ser. De modo que já não precisamos ser vigiados ou punidos, nós
mesmos nos cobramos a semelhança e proximidade com a imagem de sucesso que nos
assombra e controla. E isso ocorre desde a mais tenra infância, com adequação
para todas as faixas etárias”.
Por isso continuamos a luta por liberdade de
expressão, pelo direito à comunicação, mesmo depois do fim da ditadura. E as
mulheres têm sido protagonistas nesta demanda. De há muito tempo, as feministas
questionam a imagem de mulher que a mídia difunde. Rachel Moreno recorda que
“incomodadas com os excessos da imagem da mulher na publicidade, nas músicas,
reagimos pontualmente, com mais, ou menos sucesso”. Poucas vezes tivemos
vitórias, como aquela em que o Instituto Patrícia Galvão conseguiu a retirada
dos bares das “bolachas” da Kaiser que diziam “mulher e cerveja especialidade
da casa”, e o anunciante teve que realizar seminários sobre a publicidade e a
imagem da mulher em todo o Brasil. Como cerveja parece ser um dos principais
produtos a “vender-se” junto com a mulher, foram várias as denúncias. O
Observatório da Mulher, organização fundada por Rachel, mantém um processo em
andamento contra a campanha de 2006, “Musa do Verão”, da Skol.
Abaixo, segue um vídeo de uma
entrevista com Rachel Moreno:
Por Taiana Martinez
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